29.12.11

As autoridades superiores


A submissão às autoridades

Está escrito: "Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação..." (Rom. 13:1,2).

Irmãos, as autoridades que existem nesta nação (como também nas outras) são estabelecidas por Deus e nós nos devemos sujeitar a elas; não importa de que corrente política elas sejam, nós devemos honrá-las e mostrar-nos leais e respeitosos com elas. Pedro escreveu: "Sujeitai-vos pois a toda a ordenação humana por amor do Senhor..." (1 Ped. 2:13), isso significa que quem ama o Senhor se deve sujeitar às autoridades e não deve mostrar-se nem desleal e nem irreverente para com elas para que, o nome do Senhor que ele ama, não seja blasfemado. Paulo disse: "Dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra" (Rom. 13:7); cada autoridade ordenada por Deus deve ser honrada e temida, e pelo o que nos respeita, nós, como cidadãos desta nação, devemos honrar o Presidente da República, os deputados e os senadores, os ministros do governo, as forças da ordem, Polícia, Guarda Fiscal, e depois os juízes, os magistrados, os presidentes, os assessores e os conselheiros e qualquer outra autoridade ordenada por Deus. A autoridade manda aos cidadãos pagar tributos (taxas) e estes devem ser dados às autoridades, porque está escrito para dar "a quem tributo, tributo" (Rom. 13:7) e porque o Senhor Jesus disse: "Dai, pois, a César o que é de César" (Lucas 20:25). Além do tributo, também o imposto (como é o direito que a câmara e o Estado exigem pela introdução de certa mercadoria no seu território ou pelo seu consumo) deve ser pago às autoridades postas para arrecadá-lo. Quando Jesus começou também ele aensinar, Israel estava sob o domínio romano; o imperador era Tibério César, o governador da Judeia era Pôncio Pilatos, e o tetrarca da Galileia era Herodes  (aquele Herodes que tinha casado com a mulher de Filipe seu irmão), mas Jesus (que era Judeu quanto à carne) nunca instigou as multidões a serem rebeldes às autoridades, nunca proibiu de pagar os tributos a César (se bem que soubesse que parte dos tributos seriam empregues para o mantimento do exército romano), não comandou nenhuma facção política contra as autoridades romanas que governavam naquela época, e quando se encontrou em frente de Pôncio Pilatos e de Herodes não ousou injuriá-los e nem se mostrou irreverente para com eles, mas lhes mostrou o devido respeito; Jesus Cristo nos deixou o exemplo em todas as coisas para seguirmos as suas pisadas, portanto fazemos bem em estar sujeitos à autoridade, em honrá-las e em orar por elas para que Deus as salve, as ajude a governar com justiça e as proteja, "para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade" (1 Tim. 2:2).

Irmãos, quero que saibais que nenhum de nós tem o direito de escarnecer as autoridades ordenadas por Deus; quem pensa de ter o direito é privado de entendimento. Porque digo isto? Porque no meio do povo de Deus há  homens que têm prazer em zombar das autoridades. Alguém dirá: ‘Mas de que maneira?’ Contando ‘anedotas’ contra elas! Há ditos ‘pastores’ que as contam às crianças da escola dominical; sim, também estas coisas abomináveis sucedem no meio dos fiéis. Enquanto Jesus tomava nos seus braços as crianças, impunha-lhes as mãos e as abençoava, estes homens corruptos tomam nos seus braços as crianças para lhes contar as anedotas contra as autoridades estabelecidas por Deus. Estes, como profanos zombadores de festas,escancaram a sua boca para fazer sair dela a imundícia que depositaram no seu coração. A eles agradam as ‘vinhetas contra os políticos’, e isto o dizem abertamente sem se envorgonharem; eles se deleitam em falar mal das autoridades como fazem os do mundo, e o povo tem prazer neles porque eles divertem o auditório. Há que lamentar, irmãos, ao ouvir estes homens porque eles fazem errar o povo do Senhor.

Uma outra coisa que vos quero dizer é esta, vós não deveis meter-vos a fazer política, tomando parte por um ou por outro partido político. Não convém aos santos imiscuirem-se na política; a política jaz no maligno e quem nela entra se corrompe. Hoje, em alguns locais de culto, durante o período pré-eleitoral, se pode assistir a verdadeiros comícios porque os condutores destas comunidades, sem nenhuma vergonha, exortam os crentes a votar num particular candidato ou num determinado partido político; quando não o dizem abertamente o fazem entender. Mas porque é que acontece esta coisa indecorosa entre os santos? Porque alguns, em vez de orar pelos políticos que governam, põem-se a procurar os seus favores. Agora vos explicarei o que quero dizer. Nós sabemos que a palavra e a autorização das autoridades são necessárias para construir um local de culto; ora, não há nada de mal em pedir às autoridades a permissão de construir um local de culto, mas o facto é que em certos casos esta permissão não é fácil porque naquele lugar ou naquele tempo determinadas normas não consentem a construção de um local de culto. O que acontece então? Acontece que quem teme a Deus se submete nisto às autoridades, mas quem não teme a Deus se põe em acção para obter aautorização de edificação a todos os custos. E assim vai às autoridades para facilitar a autorização, e vai, não de mãos vazias, mas ‘com os jumentos e os camelos carregados de prata e ouro’ e desta maneira obtém a tão ansiada autorização de edificabilidade. Haveis entendido de que maneira? Corrompendo a autoridade. Mas não acaba aqui, porque o favor obtido ilicitamente implica um empenho da parte do pastor daquela comunidade, que é o de assegurar em cada eleição daquele candidato e ao partido daquele candidato o seuvoto e o dos membros daquela comunidade. Portanto, não há porque ficar admirado se hoje de alguns púlpitos, no periodo pré-eleitoral, se ouvem os mesmos ‘slogans’ que se ouvem pelas ruas e pelas praças. Deus diz em Isaías: "Ai dos que descem ao Egipto a buscar socorro...sem perguntarem à minha boca, para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egipto!" (Is. 31:1; 30:2); irmãos, Deus castiga todos os que formam desígnios sem ele, e que contraem alianças sem o seu Espírito, portanto aqueles que corrompam as autoridades para obter aquilo que não lhes é lícito obter são a seu tempo punidos e confundidos pelo Senhor. Mas há uma outra coisa a dizer a respeito, é que os que agem assim, no dia em que tem lugar a dedicação do local de culto, fazem discursos comoventes, nos quais dizem: ‘Damos graças a Deus porque nos deu este local de culto! Mas não foi Deus a dar-lhes aquele local, mas Mamom, porque foi apoiando-se no dinheiro (que eles deram por debaixo da mesa) e não em Deus (isto é, não sobre seus caminhos santos), que eles obtiveram a autorização de edificação. Mas quem sabe tudo isto? Certamente não os crentes que se encontram hospedes daquela comunidade naquele dia e nem ainda muitos crentes daquela mesma comunidade. Porventura está Deus de acordo com este modo de agir? De modo nenhum; a corrupção é corrupção, mesmo quando é perpetrada para construir um local de culto ou para obter uma permissão qualquer que ela seja que tem como fim o progresso do Evangelho, e isto o digo para que ninguém vos engane dizendo-vos: ‘Mas irmão, o fim justifica os meios!’. Deus não justifica os meios ilícitos que muitos também usam para alcançar as almas com o Evangelho de Cristo,  porque Ele ama a justiça.

Quando se deve desobedecer às autoridades

Agora vejamos em que casos devemos desobedecer às autoridades estabelecidas por Deus para agradar a Deus. Se a autoridade nos manda fazer coisas que nós crentes não devemos fazer, então não devemos observar aquelas ordens, mesmo se isso significar sermos perseguidos pelas mesmas autoridades; nós não devemos desobedecer a Deus, para obedecer a decretos iníquos. A este propósito, nas Escrituras estão relatados alguns episódios que nos mostram claramente como quem teme a Deus se deve comportar diante de um decreto injusto das autoridades.

Ÿ Eis o que aconteceu no Egipto, quando Israel estava ainda escravo dos Egípcios; "O rei do Egipto falou às parteiras das hebréias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o nome da outra, Puá), e disse: Quando ajudardes no parto as hebréias e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas, se for filha, então viva.As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egipto lhes dissera; antes, conservaram os meninos com vida" (Ex. 1:15-17); como podeis ver aquelas parteiras desobedeceram a Faraó para obedecer a Deus, e por ter agido assim, Deus as abençoou, de facto está escrito que "Deus fez bem às parteiras" (Ex. 1:20).

Ÿ No tempo do rei da Babilónia, chamado Nabucodonosor, aconteceu este facto; "o rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, a altura da qual era de sessenta côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de Babilónia. E o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos e presidentes, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, os oficiais, e todos os governadores das províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado" (Dan. 3:1,2); ora, quando todos estes se reuniram diante da estátua, foi intimado a todos eles por um arauto para prostrarem-se diante da estátua e de adorá-la. Todos se prostraram e adoraram a estátua, tirando Sadraque, Mesaque e Abednego que eram Judeus, e isto foi referido ao rei, o qual se indignou e os fez chamar à sua presença e disse-lhes que se não adorassem a estátua, seriam lançados no meio de um forno de fogo ardente. Os três jovens Hebreus responderam ao rei: "Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste" (Dan. 3:17,18). A estas palavras, o rei se encheu de furor, ordenou que o forno fosse aquecido sete vezes mais e que fossem lançados nele Sadraque, Mesaque e Abednego. Eles foram lançados nele, mas Deus os libertou do forno de fogo e quando sairam dele, todos viram que o fogo não tinha tido algum poder sobre os seus corpos. No seguimento deste poderoso livramento que Deus operou para com os seus servos, o rei Nabucodonosor falou e disse: "Bendito seja o Deus de Sadraque, de Mesaque e de Abednego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus. Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo o povo, nação e língua que disser blasfémia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar como este. Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego, na província de Babilónia" (Dan. 3:28-30). Irmãos, o nome de Deus foi glorificado mediante este prodígio e tudo isto aconteceu a seguir à transgressão da ordem do rei por parte de Sadraque, Mesaque e Abednego, os quais, por não adorar a estátua que o rei tinha feito, fizeram vir sobre si  a sua ira, mas Deus tirou glória de tudo isto; Ele tirou glória e louvor também pelo furor de um rei que adorava ídolos.


Ÿ Quando Pedro e João compareceram diante do sumo sacerdote, dos principais sacerdotes e dos anciãos, estes últimos "disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus.Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus. Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido" (Actos 4:18-20). Um tempo depois, Pedro e os outros apóstolos compareceram diante do Sinédrio; "e o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina...Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens..." (Actos 5:28,29). Ora, Jesus Cristo, antes de subir ao céu, tinha dado esta ordem aos apóstolos: "Portanto ide, ensinai todas as nações..." (Mat. 28:19), mas o  Sinédrio tinha-lhes dado uma ordem que se opunha à de Cristo, porque os proibiu de ensinar a Palavra de Deus e os apóstolos preferiram obedecer a Deus do que aos homens, mesmo se isso significou serem perseguidos e ter o Sinédrio contra. Assim nos devemos comportar quando a autoridade nos ordena fazer alguma coisa que é contrária à vontade do Senhor.

Os magistrados são ministros de Deus

O apóstolo Paulo, continuando a falar acerca das autoridades, diz: "Os magistrados não são terror para as boas obras; mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faz o bem, e terás louvor dela. Porque o magistrado é um ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debaldea espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos: porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo" (Rom. 13:3-6). Está escrito claramente que os magistrados são ministros de Deus, isto é, servos de Deus que servem Deus punindo os malfeitores, de facto os magistrados se levantam em favor dos que sofrem opressões, violências e ultrajes, para defender a sua causa e lhes fazer justiça. Segundo a lei, em Israel deviam ser estabelecidos juizes com oobjectivo de absolver os inocentes e condenar os culpados, de facto está escrito: "Juizes e magistrados porás em todas as cidades que o Senhor teu Deus te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com juízo de justiça" (Deut. 16:18), portanto é a vontade de Deus que existam juizes e magistrados numa nação, e que eles façam justiça.

Se nós fazemos o mal seremos punidos pela autoridade, mas se fazemos o bem teremos louvor dela, caminharemos seguros e tranquilos e a nossa consciência não nos repreenderá. Vos recordo que nós crentes devemos estar sujeitos às autoridades superiores, também por motivo de consciência (isto é, para não sujar a nossa consciência), e não apenas por causa da punição que nos seria dada no caso de sermos rebeldes a elas.Ora, nós crentes devemos continuamente procurar ter uma consciência pura diante de Deus e diante dos homens, a fim de agradar a Deus; portanto, para evitar tornarmo-nos indivíduos com a consciência suja, mostremo-nos obedientes também com as autoridades. Sei que, existem aqueles, aos quais não importa nada ter uma boa consciência, mas isso não é de admirar, porque também nos tempos dos apóstolos, houveram aqueles que lançaram fora a boa consciência, e sabeis que fim tiveram? Naufragaram quanto à fé.

Lucas escreveu este facto acontecido em Filipos, quando ele, Paulo, Silas e Timóteo se encontravam nesta cidade para anunciar o Evangelho: "E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espirito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se, e disse ao espirito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu. E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas, e os levaram à praça, à presença dos magistrados. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo Judeus, perturbam a nossa cidade, e nos expõem costumes que nos não é licito receber nem praticar, visto que somos romanos. E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoitá-los com varasE, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco" (Actos 16:16-24). Nesta circunstância os magistrados agiram precipitadamente e injustamente com Paulo e Silas, porque eles não tinham feito nada de errado para merecer aquela punição; mas isto não significa que aqueles magistrados não eram servos de Deus, e cuidai que Paulo daquele dia em diante não mudou de ideias sobre o ofício de magistrado, tanto é verdade que, tempo depois, disse aos santos de Roma: "O magistrado é um ministro de Deus para o teu bem" (Rom. 13:4) (não obstante tempo atrás ele tivesse sido açoitadoinjustamente, por ordem de alguns magistrados). Quando também um magistrado age injustamente contra nós, nós devemos reputá-lo ainda um ministro de Deus para o nosso bem, e guardarmo-nos de amaldiçoá-lo, porque neste caso seremos também nós achados culpados, porque está escrito: "Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis" (Rom. 12:14). De qualquer modo, é necessário dizer que depois que houve aquele grande terramoto que abalou os alicerces do cárcere e depois que o carcereiro e a sua casa creram no Senhor, os magistrados (aqueles magistrados que lhes rasgaram os vestidos e mandaram que Paulo e Silas fossem açoitados com varas), quando souberam que Paulo e Silas eram Romanos tiveram medo e vieram e lhes rogaram para que os desculpassem. Além disso, vos recordo que Deus converteu o mal por eles recebido em bem, porque foi precisamente no seguimento da sua detenção naquela prisão, que durante a noite, o carcereiro posto para guardá-los, creu no Senhor Jesus com toda a sua casa. Paulo mesmo disse: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus..." (Rom. 8:28); e porventura não é verdade que também aquela  injusta detenção logo contribuiu para o bem de Paulo e Silas e cooperou à salvação de uma família inteira? Irmãos, sabei-o; não importa qual seja a injustiça, a violência, a perseguição que aqueles que amam a Deus recebem por parte das autoridades, Deus a converterá em bem. AEscritura não pode ser anulada; se a perseguição contra a igreja não cooperasse mais para o bem daqueles que amam a Deus, isso significaria que Deus não tem mais o poder de converter o mal em bem e que Ele mentiu. Mas o nosso Deus reina sentado sobre o seu trono e tem o pleno controlo de todas as circunstâncias da nossa vida e a seu tempo converte o mal que recebemos em bem a nosso favor e a favor de outros. É impossível que Deus tenha mentido, Ele não é um homem como nós; na sua grande fidelidade mudará ainda o nosso choro em dança e muitos, vendo isto, temerão o seu nome e reconhecerão a veracidade da Palavra de Deus.

Deus julga as autoridades que se rebelam a Ele 

Pelo que respeita ao operado pelas autoridades, é necessário dizer que Deus no tempo fixado julgará também as suas acções porque está escrito: "Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo o intento e para toda a obra" (Ecl. 3:17). Ninguém pense porém que só no dia do juízo serão punidos os injustos, os soberbos, os malvados, e que antes daquele dia, enquanto estão ainda na terra,  a verga da cólera de Deus não os ferirá, porque está escrito: "Eis que o justo é punido na terra; quanto mais o ímpio e o pecador!" (Prov. 11:31). Irmãos, há um Deus que julga sobre a terra, ainda hoje Ele exercita os seus justos juizos contra aqueles que fazem o mal, não importa que posição social ocupam.

Ÿ Saul foi constituido rei sobre Israel por Deus, mas por causa da sua rebelião, Deus o matou e transferiu o reino para Davi, de facto está escrito: "Assim morreu Saul por causa da sua transgressão com que transgrediu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar, e não buscou ao Senhor; pelo que o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé" (1 Cron. 10:13,14). Deus "quebranta os fortes, sem que se possa inquirir, e põe outros em seu lugar...bate-lhes como ímpios que são à vista de quem os contempla; porquanto se desviaram dele, e não compreenderam nenhum dos seus caminhos" (Jó 34:24,26,27); isto é aquilo que o Juíz de toda a terra faz ainda hoje.

Ÿ O  profeta Daniel disse de Nebucodonosor, rei da Babilónia, na presença do rei Belsazar: "Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a magnificiênciaE por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria dava a vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia. Mas quando o seu coração se elevou, e o seu espírito se endureceu em soberba, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glóriaE foi tirado dentre os filhos dos homens, e o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; fizeram-no comer erva como os bois, e pelo orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre os reinos dos homens, e a quem quer constitui sobre eles " (Dan. 5:18-21). Daniel reconheceu que foi Deus a estabelecer Nabucodonosor como rei de Babilónia, mas disse que quando este rei se exaltou contra Deus, foi julgado por Deus por causa da soberba do seu coração; não está por acaso escrito que: "Deus resiste aos soberbos" (Tiago 4:7; Prov. 3:34)?

Ÿ Nos dias em que viveram os apóstolos, "o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar; e matou à espada Tiago, irmão de João. E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro" (Actos 12:1-3). Pedro foi posto na prisão mas Deus durante uma noite o libertou mediante um anjo. "Ora Herodes estava muito irritado com os de Tiro e de Sidom; mas estes, vindo de comum acordo ter com ele, e obtendo a amizade de Blasto, que era o camarista do rei, pediam paz, porquanto o seu país se abastecia do país do rei. E num dia designado, vestindo Herodes as vestes reais, sentou-se no trono e dirigia-lhes a palavra. E o povo exclamava: Voz de um Deus, e não de um homem! E nomesmo instante feriu-o o anjo do Senhor, porque não deu glória a Deus, e, comido de vermes, expirou" (Actos 12:20-23). Este rei foi punido por Deus porque não tinha dado a Deus o que é de Deus, isto é, a glória; e nós ainda uma vez devemos reconhecer que Deus não faz acepção de pessoas, nem sequer para com os reis que Ele constituiu  sobre os reinos dos homens.

Deus se usa das autoridades para cumprir a sua vontade sobre a terra

Ora vejamos como as autoridades romanas se levantaram em favor de Paulo, seja quando foi preso em Jerusalém pelos Judeus, seja a seguir enquanto ele estava na prisão. Paulo, depois de poucos dias que tinha voltado a Jerusalém da viagem que o tinha levado à Ásia, à Macedónia e à Grécia, foi preso no templo dos Judeus, os quais se puseram a bater-lhe para matá-lo, mas chegando a notícia ao tribuno Claudio Lísias, este tomou consigo  centuriões e soldados e foi para soltar Paulo das mãos dos Judeus. A seguir, enquanto Paulo estava na prisão, o tribuno, tendo conhecimento de uma conspiração feita pelos Judeus contra Paulo para o matar, enviou Paulo ao governador Félix. O tribuno, nesta ocasião, escreveu as seguintes palavras: "Claudio Lísias a Félix, potentíssimo presidente, saúde. Esse homem foi preso pelos judeus; e, estando já a ponto de ser morto por eles, sobrevim eu com a soldadesca, e o livrei, informado de que era romano. E, querendo saber a causa por que o acusavam, o levei ao seu conselhoE achei que o acusavam de algumas questões da sua lei; mas que nenhum crime havia nele digno de morte ou de prisão. E, sendo-me notificado que os judeus haviam de armar ciladas a esse homem, logo to enviei, mandando também aos acusadores que perante ti digam o que tiverem contra ele. Passa bem." (Actos 23:26-30). Não é pois verdade que o tribuno Claudio Lísias nestas circunstâncias demonstrou firmeza, e que ele se levantou em favor de Paulo fazendo valer o seu direito de cidadão romano? Não foi porventura Claudio Lísias que livrou das mãos dos Judeus Paulo, evitando que o apóstolo fosse morto naquele dia? Não foi porventura Claudio Lísias que, quando ouviu falar das ciladas dos Judeus contra Paulo, se preocupou de enviá-lo são e salvo para Cesaréia ao governador?Irmãos, não vos esqueçais que Deus usa as autoridades a seu agrado e que também por meio delas Ele cumpre os seus desígnios sobre a terra. Deus tinha estabelecido fazer chegar Paulo também a Roma, para anunciar lá o Evangelho, e mediante as autoridades romanas o fez chegar libertando-o primeiro das ciladas dos Judeus, e depois,  no navio em que tinha embarcado, do propósito dos soldados que era também o de o matar.

A sabedoria diz: "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor, que o inclina a todo o seu querer" (Prov. 21:1). Vejamos como Deus inclinou o coração de reis poderosos do passado, para que se cumprissem as palavras que Ele mesmo tinha pronunciado pela boca dos seus profetas.

Deus disse por Isaías: "Eu digo de Ciro: ‘É o meu pastor; e cumprirá toda a minha vontade, dizendo a Jerusalém: Sê recontruída; e ao templo: Funda-te. Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para abater as nações diante da sua face...Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e soltará os meus cativos, não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos Exércitos" (Is. 44:28; 45:1,13). O profeta Isaías falou da parte de Deus nos dias de Uzias, de Jotão, de Acaz e Ezequias, reis de Judá (quando dominava sobre as nações o reino d’Assíria); ele falou de Ciro, rei da Pérsia, quando ainda não existia nem o reino da Pérsia e nem Ciro, dizendo que ele reedificaria Jerusalém e soltaria os cativos do Senhor sem preço de resgate e sem presentes. Depois de Isaías, falou o profeta Jeremias, o qual falou da parte de Deus no tempo de Josias, de Jeoiaquim, e de Zedequias, reis de Judá (quando dominava sobre as nações o reino da Babilónia, e não mais o d’Assíria); Deus disse através de Jeremias: "Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os que foram transportados, que eu fiz transportar de Jerusalém para Babilónia:... Certamente que passados setenta anos em Babilônia, eu vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar" (Jer. 29:4,10). Deus, para punir o reino de Judá e Jerusalém pelas suas iniquidades, chamou de uma terra longínqua o exército dos Caldeus; este exército, por ordem de Deus, devastou as cidades de Judá e Jerusalém e levou os habitantes destas cidades em cativeiro para Babilónia; mas Deus, na sua fidelidade e bondade, prometeu que não abandonaria os Judeus em Babilónia mas que os faria voltar ao fim de setenta anos. Porisso, resumindo, Deus predisse quanto duraria o cativeiro babilónico, e também quem seria o rei que soltaria os seus cativos e que faria reconstruir Jerusalém e o templo. No tempo fixado por Deus, aconteceu exactamente aquilo que Deus tinha predito através dos seus profetas muito tempo antes, de facto está escrito no livro de Esdras: "No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias, despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus dos céus me deu todos os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá. Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá, e edifique a casa do Senhor, Deus de Israel, ele é o Deus que habita em Jerusalém..." (Esd. 1:1-3). Os cativos que Ciro soltou voltaram a Jerusalém e primeiro construiram o altar do Deus de Israel e o firmaram sobre as suas bases, e depois, no segundo ano da sua chegada a Jerusalém, lançaram os fundamentos (ou alicerces) do templo do Senhor; os trabalhos da reconstrução do templo porém, foram interrompidos e esta interrupção demorou  até ao segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia (a interrupção começou depois da morte do rei Ciro, no tempo do rei Artaxerxes). No segundo ano de Dario, Deus falou pela boca dos profetas Ageu e Zacarias ordenando ao povo reconstruir a sua casa; o povo se lançou à obra e ainda que os inimigos de Judá (entre os quais estavam Tatenai, governador daquém rio, e os seus companheiros) fossem contrários à reconstrução do templo e desencorajassem o povo, no seguimento a uma ordem do rei Dario, a reconstrução da casa de Deus foi feita prosseguir e encorajada, e os trabalhos foram acabados no sexto ano do reinado de Dario. Sabeis o que diz a Escritura a respeito disto, depois que a construção do templo foi ultimada e depois que os Judeus celebraram com alegria a dedicação da casa de Deus? Ela diz: "Depois, os que vieram do cativeiro celebraram a Páscoa...E celebraram a festa dos pães asmos os sete dias com alegria, porque o Senhor os tinha alegrado, e tinha mudado o coração do rei da Assíria a favor deles, para lhes fortalecer as mãos na obra da casa de Deus, o Deus de Israel" (Esd. 6:19,22). Assim, Deus inclinou o coração de Ciro e de Dario em favor do seu povo para que se cumprissem os seus desígnios.

Mas houve um outro rei, cujo coração ao invés foi endurecido por Deus para que se obstinasse no seu coração e se opusesse à ordem de Deus de deixar ir livre o seu povo; me refiro a Faraó, rei do Egipto. Nos salmos está escrito: "Então Israel entrou no Egipto, e Jacó peregrinou na terra de Cão. Deus multiplicou grandemente o seu povo, e o fez mais poderoso do que os seus inimigosVirou o coração deles para que odiassem o seu povo, e para que tratassem astutamente aos seus servos" (Sal. 105:23-25). Ora, se ouve dizer muitas vezes que foi Deus a fazer multiplicar os Israelitas no Egipto (e isto é verdade), mas quase nunca se ouve dizer que foi ainda Deus a virar o coração dos Egípcios para que odiassem os Israelitas e os tratassem astutamente (embora também isso esteja confirmado pela Escritura). A Escritura diz que os Egípcios "se enfadavam por causa dos filhos de Israel. E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim, lhes fizeram amargar a vida com dura servidão" (Ex. 1:12-14) e também que o rei do Egipto ordenou às parteiras dos Hebreus para matar os bebés machos: alguém dirá: ‘Mas porque é que aconteceu tudo isso?’ Porque Deus virou o coração dos Egípcios contra os Israelitas. Reconheço que é duro aceitar isto, mas não se pode fazer doutra forma. Depois, Deus enviou Moisés e Arão para libertar o seu povo, dizendo a Moisés: "Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas" (Ex. 7:3). Também Faraó, rei do Egipto, foi estabelecido por Deus sobre o Egipto, mas ao contrário de Ciro, rei da Pérsia, se opôs à saida dos Israelitas do seu reino e os deixou ir somente depois que Deus feriu a sua terra com tremendos juizos; mas aconteceu assim porque Deus tinha antes estabelecido agir assim com Faraó, e ninguém pôde impedi-lo de seguir os seus desígnios sobre Faraó e sobre o Egipto. "Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra" (Rom. 9:17; Ex. 9:16); pensais vós que Deus não poderia fazer sair Israel do Egipto sem endurecer o coração do rei do Egipto? Pensais vós que Deus não poderia despertar o espírito de Faraó, para que em pregão e por escrito decretasse que Israel devia sair da sua terra para ir para a terra  que Deus lhe prometera, como fez séculos depois com Ciro, rei da Pérsia? Certamente que o poderia fazer, mas é manifesto que não o quis fazer porque Ele age como quer com os habitantes da terra. Paulo disse que Deus é "Aquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade" (Ef. 1:11), e portanto o que há a replicar a Deus se quis operar desta maneira com Faraó e com todos os seus servos? Deveria Deus porventura ter-se aconselhado com alguém antes de endurecer o coração de Faraó? Guardemo-nos de contender com Deus, porque está escrito: "Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco entre outros cacos de barro!" (Is. 45:9). Guardemo-nos de julgar os caminhos de Deus como fazem os loucos, porque está escrito: "Se julgares os caminhos de Deus como fazem os ímpios, o juizo e a sentença dele descerá sobre ti" (Jó 36:17) e recordemo-nos mais vezes que "Ele não dá conta de nenhum dos seus actos" (Jó 33:13).

Escrevi estas coisas para que entendais que as autoridades que existem são ordenadas por Deus, e que Deus cumpre os seus maravilhosos desígnios servindo-se a seu agrado também das autoridades por ele estabelecidas. Ao Altíssimo que domina sobre todos os reinos da terra, seja a glória eternamente. Amen.

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