30.12.11

No dia de Cristo o fogo provará qual seja a obra de cada um


Paulo escreveu aos santos de Corinto: "Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquitecto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele; porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento edifica ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia de Cristo a declarará porque pelo fogo será descoberta e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo, todavia como que pelo fogo" (1Cor. 3:10-15). Paulo, segundo o que diz a Lucas, depois de ter estado em Atenas, foi a Corinto onde pregou o Cristo, e muitos Coríntios, ouvindo-o, creram no Evangelho e foram batizados. Foi ele que os gerou em Cristo Jesus pelo Evangelho, foi ele que como sábio arquitecto pôs o fundamento daquela casa espiritual que surgiu em Corinto, e o fundamento que ele pôs foi Cristo Jesus, o Filho de Deus. Paulo morou em Corinto um ano e seis meses ensinando entre os santos de Corinto a Palavra do Senhor, depois se ausentou daquela cidade. E quando ele não estava em Corinto, Apolo chegou em Acaia e a Escritura diz que "tendo ele chegado, auxiliou muito aos que pela graça haviam crido" (Actos 18:27). Apolo, em Corinto pregou a Palavra aos santos, de facto Paulo escrevendo aos Coríntios compara a pregação de Apolo à rega; ele lhes escreveu: "Eu plantei, Apolo regou" (1Cor. 3:6). Ora, Paulo tinha posto o fundamento e outros vieram e edificaram sobre ele, isto é, outros vieram e pregaram e ensinaram no seio da igreja de Corinto, e ele a tal propósito disse: "Mas veja cada um como edifica sobre ele" (1Cor. 3:10), e esta exortação é ainda hoje dirigida a todos os que edificam sobre o fundamento que é Cristo Jesus.

Os verdadeiros ministros de Cristo não pregam a eles mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor, eles pregam a Boa Nova da paz exortando os homens a se arrependerem e a crer em nosso Senhor Jesus Cristo para obter a remissão dos seus pecados. Eles quando pregam onde Cristo ainda não foi anunciado, se aplicam a pôr como fundamento Cristo Jesus para depois edificar sobre ele; esta é a razão pela qual todas as igrejas dos santos se erguem sobre o mesmo fundamento, ou seja sobre Cristo Jesus, a pedra angular, eleita e preciosa para todos nós que cremos n`Ele. Portanto todas as igrejas de Deus têm como fundamento Cristo Jesus, e Paulo diz que "ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (1Cor. 3:11); isto significa que nenhum ministro de Deus tem o direito de tirar este fundamento para meter um outro. Se por um lado vemos que nenhum ministro do Evangelho que serve a Deus com pura consciência ousa tirar o sólido fundamento, por outro vemos que muitos lobos devoradores (filhos de maldição que pregam um Evangelho diferente daquele que recebemos) procuram com a sua astúcia tirar este fundamento da vida dos crentes. Estes, na verdade, procuram levar os discípulos do Senhor para longe do Senhor e após eles; dilectos, guardai-vos destes!

Vejamos agora os ministros do Evangelho que não ousam pôr um outro fundamento além do que já está posto, o qual é Cristo Jesus, mas edificam sobre ele. Como vós bem sabeis os ministros do Evangelho pregam Cristo crucificado, a remissão dos pecados pela fé no seu nome e o batismo na água em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, mas como podeis bem ver entre os ministros do Evangelho há alguns que, a respeito de determinadas coisas, ensinam aos crentes coisas diferentes daquelas que ensinam outros sobre o mesmo assunto. E a este ponto nasce inevitavelmente a pergunta: ‘Quem tem razão entre uns e outros?’ Quem é que está edificando bem e quem é que está edificando mal? Não podem dizer todos a verdade porque o que dizem é diferente. Para poder dizer quem são dentre eles os que estão edificando palha é necessário verificar e demonstrar com as Escrituras que aquilo que ensinam está em nítido contraste com a Palavra de Deus. Vos faço exemplos com os quais vos mostro como alguns se cansam em vão ao ensinar certas coisas aos crentes.

Pelo que respeita à doutrina do batismo com o Espírito Santo, alguns que pregam Cristo e ensinam a Palavra de Deus (sem anular minimamente a graça de Deus porque pregam a Palavra da fé), dizem que se é batizado com o Espírito Santo quando se crê no Senhor, outros quando se é batizado na água, outros, que quando se é batizado com o Espírito Santo não se começa a falar em outra língua; todos estes têm em comum isto, ensinam aos crentes um batismo com o Espírito Santo sem o relativo e consequencial falar em outra língua; ora, nisto, estes ensinam o falso porque as Escrituras testificam de maneira inequívoca (e os factos o demonstram plenamente), que quando se é batizado com o Espírito Santo (se pode dizer também: ‘Quando se é cheio do Espírito Santo’, ou: ‘Quando se recebe o Espírito Santo’) se começa a falar em outra língua conforme o Espírito concede que se fale. As Escrituras que testificam isto são as seguintes: "E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (Actos 2:4); "E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus" (Actos 10:44-46); "Foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam" (Actos 19:5,6). Então, que diremos destes nossos irmãos que pregam a Cristo e a salvação pela fé em Cristo? Diremos que quanto ao que respeita ao batismo com o Espírito Santo estão edificando palha sobre o fundamento, palha que depois no dia de Cristo será queimada e o trabalho deles resultará vão.

Mas o facto é que também entre os que pregam a Palavra da fé e ensinam que quando se é batizado com o Espírito Santo se começa a falar em outra língua são ensinadas por alguns coisas sobre uma mesma doutrina que não se podem conciliar com as que outros ensinam sobre a mesma doutrina, e algumas vezes importa dizer que são opiniões pessoais que anulam até a Palavra de Deus. Alguns dizem que o mandamento do véu era só para as mulheres da igreja de Corinto e andam a dizer isto pelas igrejas; dizem as suas razões que são as mais variadas e absurdas e muitos crêem neles porque pensam que como eles são conhecidos e pregam para muitas pessoas devem ter forçosamente razão. Digo-vos que estes a tal respeito estão edificando palha sobre o fundamento e todo o seu trabalho para dizer estas suas razões será tornado vão pelo fogo de Deus que queimará essa palha. Este seu  ensinamento não tem nenhum valor; não é algo de precioso que vale a pena edificar, porque a Escritura diz: "A mulher, por causa dos anjos, deve ter sobre a cabeça um sinal da autoridade da qual depende [quando ora ou profetiza]" (1Cor. 11:10), portanto como a autoridade da qual depende toda a mulher permanece ainda o homem, e como não haviam apenas anjos naquela época e apenas em Corinto a observar a assembleia dos fiéis em Cristo, a mulher deve também hoje cobrir a cabeça quando ora ou profetiza para não desonrar o seu cabeça. O facto de a ordem do véu estar escrita só numa das muitas epístolas de Paulo de modo algum anula esta ordem porque pelo que Paulo diz na mesma epístola ele ordenava à mulher cobrir a cabeça também nas outras igrejas; ele, a propósito de algumas outras coisas escritas só aos Coríntios disse: "É o que ordeno em todas as igrejas" (1Cor. 7:17), portanto o facto de aquelas coisas terem sido escritas só aos Coríntios não significa de modo algum que ele as ensinava só aos Coríntios. E depois ele mesmo disse a propósito do véu: "Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus" (1Cor. 11:16), portanto este bom costume o tinham também todas as outras igrejas de Deus da época e não só a de Corinto! O repito: qualquer que seja o ensinamento que anula a ordem para a mulher de cobrir a cabeça com um véu é palha, por isso não vos meteis a edificá-la para não sofrerem prejuízo também vós naquele dia.

Alguns dizem que a ordem de Pedro relativa ao adorno das mulheres escrito na sua primeira epístola, que é a seguinte: "O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito benigno e pacífico, que é precioso diante de Deus" (1Ped. 3:3,4), é dirigido apenas às mulheres crentes casadas que têm maridos ainda não crentes, as quais não devem vestir-se daquela maneira para ganhá-los para Cristo! Isto é palha que alguns que não manejam bem a Palavra da verdade estão edificando sobre o fundamento; porque estes tomam a citação de Pedro: "Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; considerando a vossa vida casta, em temor" (1Ped. 3:1,2) para sustentar a sua vã doutrina (e depois Pedro disse: "também, se alguns não obedecem à palavra" (1Ped. 3:1), portanto o mandamento é tanto para mulheres de maridos crentes como para as mulheres de maridos não crentes); mas esquecem que mais à frente Pedro diz: "Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor" (1Ped. 3:5,6). Ora, não me parece propriamente que Sara tivesse um marido não crente que não obedecia à Palavra e que ela não se vestia com vestidos luxuosos, e não fazia tranças nos cabelos e não usava jóias para ganhá-lo! Eu sei que Sara não se vestia como as mulheres corruptas porque era uma santa mulher que temia a Deus e esperava em Deus e que era casada com um homem que cria em Deus e temia a Deus verdadeiramente (quando foi provado por Deus, ofereceu o seu único filho Isaque). Dilectos, não vos meteis a edificar a palha destes; a ordem de Pedro relativa ao adorno das mulheres é confirmada por Paulo e é dirigida a todas as mulheres que estão em Cristo, sejam elas solteiras, casadas com crentes ou com incrédulos, e viúvas.

Também os que ensinam que o pastor é também profeta porque fala das coisas vindouras que estão escritas na Palavra de Deus, edificam palha.

Também os que ensinam que quem fala em outra língua, fala aos homens uma linguagem de edificação de consolação e de exortação, quando a igreja está reunida, mas fala a Deus quando está sozinho, edificam palha porque Paulo não fez esta distinção e não há rasto dela na Escritura. Ele disse: " Porque o que fala em outra língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque em espírito fala mistérios" (1Cor. 14:2), portanto também quando a igreja está reunida quem fala em outra língua fala a Deus e não apenas quando ora sozinho. Isto significa que também a interpretação corresponde a um falar dirigido a Deus (uma oração, um louvor, uma acção de graças feito a Deus) e não pode ser um falar directo aos homens porque não muda a direcção quando a igreja está reunida.

Quis dar-vos estes exemplos para que percebam que tudo o que não corresponde à verdade é palha que alguém edifica sobre o fundamento e que naquele dia será queimada e quem a tiver edificado terá prejuízo. O Senhor naquele dia separará o que de precioso cada um edificou do que é ignóbil e isso o fará pelo fogo; subsistirá só o que é precioso porque o que não vale nada será queimado. Quem edifica ouro, prata e pedras preciosas, quando o fogo fizer a prova da sua obra não sofrerá prejuízo porque o que ele edificou subsistirá e o seu trabalho empregue na construção deste material será galardoado; quem ao invés edificou madeira, feno, e palha, verá a madeira, o feno e a palha dissolverem-se ao seu impacto com o fogo e o seu trabalho empregue para edificá-lo não será de modo algum galardoado mas resultará vão. Paulo escreveu: "sofrerá ele prejuízo" (1Cor. 3:15) porque ele perderá o galardão pelo seu trabalho desenvolvido (ao edificar a madeira, o feno e a palha), mas não é que ele será lançado no fogo eterno, de modo algum, porque Paulo diz: "Mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo" (1Cor. 3:15), portanto será a madeira, o feno e a palha que estarão perdidos e não os irmãos que os edificaram ou por falta de conhecimento ou porque não manejavam bem a palavra da verdade. Cuidai que estas palavras de Paulo não são de modo algum um encorajamento a edificar madeira, feno e palha sobre o fundamento, antes nos incutem um santo temor de Deus porque nos fazem surgir a pergunta: ‘O que estou edificando? Estou edificando ouro, prata e pedras preciosas, ou madeira, feno e palha? Considero que cada um de nós que ensina a Palavra deva examinar cuidadosamente o que ensina aos outros para verificar se está edificando coisas de valor sobre o fundamento, coisas que subsistirão perpetuamente e pelas quais se obtém um galardão. Não querer ensinar algo de escritural só porque muitos não o ensinam e só porque se passaria a ser ‘impopular’ ou inimigo de alguém no seio da irmandade significa enganar-se a si mesmo; também preferir ensinar algo de não escritural para agradar à maioria significa enganar-se a si mesmo porque depois naquele dia quem sofrerá o prejuízo será quem ensinou essas coisas. Eu sei que naquele dia a madeira, o feno e a palha não se tornarão ouro, prata e pedras preciosas, porque elas são coisas que são e serão queimadas, portanto cuidemos de nós mesmos para não nos cansarmos em vão. Tende presente que o galardão que receberemos do Senhor pelo nosso próprio trabalho não vão o se conservará pela eternidade, portanto nos devemos preocupar em edificar apenas coisas de valor, para não ver parte dos nossos trabalhos tornados vãos pelo fogo de Deus.

Mas não haverão apenas ensinamentos errados queimados naquele dia, mas também juízos errados dados segundo a aparência ou por ouvir dizer; piadas, zombarias, e todas as coisas desonestas, e toda a obra inútil realizada. Vêde irmãos, nós quando falamos ou quando fazemos uma obra numa certa medida nos cansamos porque o nosso corpo faz esforços, mas nós devemos cuidar de toda a nossa conduta porque dela teremos que dar contas a Deus naquele dia; recordai-vos que será premiado o trabalho empregue a fazer e a dizer o que é justo na presença de Deus e não o trabalho a fazer e a dizer o mal ou a mentira. Não pode ser doutra forma: pensais que Deus galardoará o trabalho que é empregue para ensinar algo que não é conforme a sã doutrina, ou para fazer um agravo a alguém, ou para contar anedotas ao seu povo, ou para ir divertir-se? De modo algum, porque Ele é justo. E depois, se fosse assim seriamos todos encorajados a tomar com leviandade o santo compromisso que tomámos em seguir o Senhor, e a não cuidar de nós mesmos.

Sobre a terra, os homens premeiam outros homens por muitas coisas inúteis e perversas que dizem; os arrogantes, os perversos, as meretrizes, os injustos são premiados com troféus, com dinheiro, com riquezas pelas suas obras iníquas, como se tivessem feito obras justas, mas isto não é de admirar como se acontecesse algo de estranho porque Salomão disse milhares de anos atrás: "Há outra vaidade que se faz sobre a terra…há ímpios que são tratados como se tivessem feito as obras dos justos" (Ecl. 8:14); ora, isto é o que acontece sobre a terra, mas naquele dia, o mal realizado, não importa por quem, não será de modo algum premiado porque pelas obras vãs, injustas e mentirosas quem as cometeu será recompensado por Deus como merece; certamente, Deus não louvará nenhum dos seus filhos por ter feito ou dito algo de inútil ou de iníquo.

Vejamos agora o que representa o ouro, a prata e as pedras preciosas de que Paulo falou.

Antes de tudo é necessário dizer que Paulo usa este termo de comparação porque ele nos mostra como ele se referia a coisas que têm valor. Mas o que é que tem valor aos olhos de Deus? Todo o ensinamento são e toda a palavra benévola que conferem graça ao próximo que os escuta constitui algo de precioso que o crente edifica sobre o fundamento e pelo qual será galardoado naquele dia. Nos salmos está escrito: "As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes" (Sal. 12:6); portanto, assim como a Palavra de Deus é prata pura, quem se serve dela para edificar a igreja de Deus (ensinando-a, transmitindo-a para encorajar os fracos e consolar os abatidos, proclamando-a para admoestar os desordenados), naquele dia será galardoado por tê-la posto sobre o fundamento. Deus deu a nós o material justo a pôr sobre o fundamento, tomemo-lo e edifiquemo-lo sobre o fundamento para o nosso bem e o bem da igreja de Deus.

Também as boas obras feitas para com alguém e as esmolas feitas em segredo são coisas preciosas e o trabalho para pô-las sobre o fundamento será galardoado porque está escrito que "para o que semeia justiça haverá galardão fiel" (Prov. 11:18); sim, irmãos, os trabalhos do nosso amor serão galardoados naquele dia; este pensamento nos consola e nos enche de alegria no meio deste mundo cheio de injustiça e de hipocrisia.

Paulo disse: "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba a retribuição segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal" (2Cor. 5:10). Irmãos, todos nós um dia compareceremos diante do tribunal de Cristo, passaremos todos por este tribunal porque cada um de nós deve receber a retribuição de tudo o que tiver feito em palavra ou em obra enquanto habitava no corpo, por isso trabalhemos na obra de Deus honestamente e sinceramente, não fazendo nada por contenda ou por vanglória, porque naquele dia também serão manifestos os conselhos dos nossos corações, por isso também os verdadeiros motivos pelos quais falávamos e agíamos de uma determinada maneira em vez de outra serão manifestos. Que aconterá então naquele dia? Acontecerá que muitas classificações feitas na terra pelos homens serão destroçadas porque muitos primeiros serão últimos e muitos últimos serão primeiros e todos verão o que cada um de nós terá edificado sobre o fundamento. Nenhuma acepção de pessoas será feita para com ninguém, o que nós edificámos será posto à prova pelo fogo; a vaidade será queimada, a verdade premiada; os que se humilham serão exaltados, mas os que se exaltam serão humilhados; eu estou persuadido que nós naquele dia assistiremos a cenas nunca imaginadas, porque na terra se tende a olhar a aparência e a julgar segundo a aparência ou por ouvir dizer; enquanto lá em cima no céu não haverá nenhum juízo dado segundo a aparência.

Uma pessoa se bem que viva junto com outra pessoa e a veja frequentemente a conhece sempre em mínima parte enquanto Deus a conhece plenamente e pode portanto julgá-la com justiça porque conhece todas as suas obras e todas as palavras que a pessoa diz no curso da sua vida. Esta é a razão pela qual é melhor esperar que as classificações sejam feitas por Deus naquele dia e pela qual não nos devemos fiar nas que o homem faz apoiando-se no seu discernimento ou na aparência. Será naquele dia que se virão a conhecer muitas e muitas más acções, muitas hipocrisias, muitas falsidades, muitas mentiras perpetradas no seio da irmandade mas habilmente encobertas pelo medo de ser descoberto e de ser confundido; será naquele dia que se virão a conhecer muitas e muitas boas palavras e muitas e muitas boas obras ditas e feitas em segredo, longe dos olhares indiscretos dos outros, para não ser visto pelos homens e para não procurar a glória que vem dos homens. Dilectos, tudo o que nós fazemos será manifesto naquele dia, porque Paulo diz que o Senhor "trará à luz as coisas ocultas das trevas" (1Cor. 4:5), sejam elas preciosas ou sem valor; nenhum de nós poderá manter mais escondido alguma coisa porque Deus manifestará tudo de nós e diante de todos. Isto nos deve induzir a nos santificarmos em obras e em verdade e não em palavras todo o dia que passa; isto nos deve desencorajar de fazer e de dizer qualquer coisa torta e inútil, mas nos deve também encorajar a fazer e a dizer o mais possível coisas boas enquanto estamos neste corpo. Vem o dia que teremos que partir deste corpo, e então não poderemos fazer ou dizer mais nada de bom sobre a terra com vista ao galardão final; é enquanto estamos vivos que Deus nos manda fazer o bem e nos firmarmos na verdade quando falamos. Façamos o que ele nos manda, com zelo, procurando progredir cada vez mais nos caminhos e abundar na obra do Senhor. O galardão por certo haverá, e não nos fugirá se perseverarmos até ao fim na fé e nas obras de Cristo. Àquele que um dia retribuirá a cada um de nós segundo a sua excelsa justiça seja a glória eternamente. Amen

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